Acho muito romântico o banco mandar cartas. Tanta singeleza, aquele envelope, nome e endereço. Tudo escrito
à máquina. As abinhas dentadas, facilitam o trabalho de abrir a mensagem. Sem saliva pra colar. Velhos tempos.
Mas acho romântico, como eu dizia, acho romântico o banco mandar cartas. Tão romântico que fico observando
as cartas empilhadas, se acumulando sobre a mesinha da sala, carta após carta, pegando juntas a poeira do
tempo e o sol da manhã que atravessa a vidraça. Vou ao quintal pendurar as roupas, volto para a cozinha, lavar
a louça. E num instante, de passagem, me deparo ali, com a presença de todas as cartas. Penso: tão romântico!
Penso, penso, penso nas cartas. E de pensar tanto nelas, logo fico sentimental, e prefiro não abri-las, porque
assim eu destruiria a mágica da mensagem ali contida, fechada, pelas abinhas dentadas. Tudo escrito à
máquina. Não quero destruir o romantismo do banco, de escrever à máquina, meu nome, meu endereço, e
mandar o homem de azul e amarelo vir me entregar. Uma carta. Ou mais. Veja só, como se lembram de mim!
Com nome e sobrenome, pode parecer formal, mas é muito íntimo. Sabem os nomes herdados, de pai e mãe.
Nomes de casamento, cartório, registro, enfim. Cartas, tantas cartas. Como se lembram de mim!
Katia Portes Leão.
sábado, 1 de setembro de 2012
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