domingo, 2 de janeiro de 2011

Mãe do Niger.

Uma brisa forte e intensa, como um sopro de vida ou um suspiro de paixão, me trouxe ao
mundo dos que vivem.
Assim como nascem as tempestades em dia de calor suspenso, eu também nasci.

Jamais esqueci o caminho da vinda, marcado em meu destino e como mapa tatuado em minha sina.
Transito os dois lados como da sala pra o quarto da minha existência.

Quando pequena levantei poeira, tracei redemoinhos no chão,
hoje arremesso vidas em tufões de paixão,
ateio fogo em corpos de lua cheia,
revelo o caminho de um mundo a outro
mas neste mundo levo a perdição o coração que incendeia.

Me fiz rainha e tive o rei que bem quis, de olhos as cegas e coração em vísceras, mandei, desmandei, fiz e desfiz.

Lambuzando de sémen a libido, rasgo com as unhas a pele da tentação,
mordisco as orelhas do proibido e despedaço, de florim e coração na mão.

Dei filhos ao mundo, que assim como o vento vão e vêem ao pedido da vida,
serei sempre capaz de reconhece-los, a cada chegada e em cada partida.

Sopro feridas, conduzo perdidos, espanto a tristeza, protejo caminhos, acolho malditos.

Em meu nome tem guerra, amor, intensidade e fulgor
e com meu manto vermelho que é sangue e minha espada,
hei de lutar por meu mistério durante toda jornada.

Razão tem não, só calor.*

*Frase da música "Um dia" de Gunnar vargas.

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